Considerações sobre treinamento para goleiros de futsal




 

É certo que, sobre treinamento com goleiros, muitas abordagens já foram feitas. Mas, em especial, descrevem-se aqui, algumas discussões sobre o treinamento com goleiros jovens iniciantes no futsal, entendendo como iniciante, a faixa etária entre 7 e 13 anos.

 

Ressalta-se nesse tipo de abordagem a necessidade de averiguação da motivação daquele que está sendo lançado nesta posição específica no gol. Nas faixas etárias iniciais, a maioria dos alunos está voltado para ser um atacante, se for habilidoso; um zagueiro, se for alto e com menos habilidade; e goleiro se não atender as primeiras exigências. Mas essa é uma visão de senso comum, não sendo, portanto, o ideal.

 

Para avaliar a motivação do aluno alguns aspectos poderiam ser considerados:

 

1) O aluno vivenciou todas as posições na quadra de jogo?

2) Existe alguma interferência externa para que o aluno esteja atuando em posição determinada?

3) O aluno gosta de atuar na posição privilegiada?

4) O aluno tem talento para atuar na posição?

5) O aluno gosta de atuar naquela posição, mas seria melhor aproveitado em outra?

 

Verificadas essas alternativas, a abordagem será direcionada no sentido do treino específico com goleiros. A principal consideração a ser feita deve estar no sentido de que, o jovem praticante da modalidade (e da posição específica), deve gostar do que ali se faz. As aplicações dos conteúdos específicos da posição abordada devem ser feitas num processo pedagógico que conduza o aluno a gostar muito do que se está fazendo, bem além do que levá-lo somente a automatizar um gesto técnico sem que nem bem o compreenda.

 

Gostando do que se faz, as abordagens serão conduzidas mais facilmente no decorrer do processo. E assim, o processo de adaptação, conduzirá o aluno ao processo seguinte, o da compreensão do que se faz.

 

Entre 7 e 9 anos o aluno deve conhecer movimentos diferenciados. O professor deve proporcionar à este mecanismos de experimentação motora diferenciada. A diferenciação no tamanho das bolas, espaços, movimentos e material alternativo, será preponderante para que o objetivo inicial, gostar do que se faz, seja facilmente atingido.

 

Vivenciando aspectos motores diferenciados, o aluno já estará estimulando, portanto, seu acervo motor para que novas intervenções sejam feitas, sempre com aumento gradativo na complexidade.

 

Quando o aluno atinge os 10 anos, alguns processos devem ser considerados. O cognitivo deste já está mais aflorado. Ele já vem carregado com alguns moldes que viu na televisão. Já deseja algo mais além das convencionais brincadeiras oferecidas. Percebendo isto, o profissional que lidar com este aluno deve estar atento a dar um pouco mais de ênfase no trabalho com percepção espaço – temporal e tempo de reação.

 

O aluno precisa conhecer bem o espaço que está atuando e ainda deve estar reagindo cada vez mais rápido aos estímulos oriúndos do próprio jogo. Isso atenderá às necessidades deste aluno que sonha ser um grande jogador de futebol.

 

Quando o aluno atinge o aluno atinge os 12 e 13 anos, já está num estágio onde os processos do jogo já exigem mais deste. A cobrança está um pouco maior. Ele tem medo de errar. Sabe-se de senso comum que, "goleiro é posição ingrata"! Um bom jogo acaba para o goleiro com apenas uma falha deste. E o menino que atua nesta posição já sabe disto também.

 

O profissional deve mirar sua intervenção no sentido de fazer com que o aluno esteja confiante em seu potencial e naquilo que foi treinado. Em si, o treino já exige uma gama de trabalho que compreenda os processos cognitivos, afetivos e motores com maior intensidade e especificidade. O aluno já sabe o que quer. E o professor deve prepará-lo para toda e qualquer situação a ser vivenciada no jogo. O aluno quer estar pronto, quer saber que pode sempre mais.

 

Essas reflexões, porém, não devem ser consideradas fechadas. Cada profissional deve ter um sentimento próprio sobre aquilo de que seu aluno verdadeiramente precisa. Um aluno de 12 anos pode ter, eventualmente, as necessidades de um aluno de 9 ou 10. Isso depende de como foram ou se foram trabalhadas aspectos do treinamento com goleiros anteriormente na vida deste aluno.

 

Essas percepções estarão qualificando cada vez mais as futuras intervenções com este grupo de alunos especificamente, e isto há de diferenciar o profissional que nesta perspectiva atua.

 

Autor: Carlos Henrique Simões
Treinador da AEST/CST
Prep. de Goleiros da Sel. de Fut. de Areia de Vitória/ES
Prep. Goleiros da Seleção Capixaba Adulto de Futsal



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