Futebol colocando a mulherada em forma




Em um estudo feito pela Universidade de Copenhague em fevereiro, o pesquisador dinamarquês Peter Krustrup provou que as mulheres estão procurando cada vez mais intimidade com a bola. O cientista constatou que, além de interação social, o esporte dá às mulheres ganho de massa muscular, melhora no consumo máximo de oxigênio, no desempenho, na resistência, além de pernas torneadas.

Em linhas gerais, o treino feminino é igual ao dos homens. O profissional de educação física e futuro treinador de um time de futebol feminino de Brasília Edmardo Singo Santos detalha que exercícios focados na aquisição de resistência física, no planejamento tático e nas práticas coletivas fazem parte da rotina de todo jogador, independentemente do gênero. O que muda é a intensidade.

– Os homens respondem a cargas maiores porque elas não têm a mesma estrutura corporal – justifica.

Além do prazer de fazer parte de um time, ele salienta outra grande vantagem de se aventurar pelo tapete verde. Em duas horas, a média é de 700 calorias queimadas.

Além dos benefícios físicos, tornar-se uma exímia jogadora não está longe da realidade. Arnaldo Freire, presidente do time Ascoop/Unicesp estima que, em um ano, é possível estar preparada para oferecer o rendimento que um time exige — desde que haja disciplina.

– Depende da atleta, mas algumas que chegaram com nível técnico muito baixo hoje já têm chance de chegar à Seleção – conta.

A única desvantagem do futebol, para Arnaldo, é a falta de reconhecimento.

– Temos grandes talentos, mas o futebol feminino não é valorizado – lamenta.

Também na academia

Embora parecidos, o futebol de campo e o de salão têm suas diferenças. Segundo Cristiano Saegon, professor de educação física que dá aulas de futebol feminino em academia, enquanto no campo a chuteira com travas para fixar o pé no gramado é essencial, no futsal o piso liso — de tábua ou cimento — dispensa o uso.

– As jogadoras usam tênis próprios para o salão, que têm maior aderência ao solo – ressalta o preparador físico.

Em 90 minutos, as alunas aprendem conceitos técnicos, táticos e coletivos do esporte. O que muda é a quantidade de jogadoras em campo: 11 em cada time para o futebol convencional contra apenas sete no futsal.

– Preferi treinar com cinco jogadoras, até que elas se adaptarem com o toque de bola, finalizações e outras técnicas do futebol – pondera Cristiano.

Cada treino é dividido em etapas de 20 a 30 minutos cada. Primeiro, aquecimento e alongamento, depois noções sobre a parte tática e, só então, o jogo, com dois tempos de 20 minutos. O professor calcula que, em cada aula, o gasto calórico seja de 400 a 600 calorias.

– Quando o treino envolve preparação física e jogo, é possível queimar um pouco mais – estima.

Vaidade versus talento

Faltas perigosas, lesões, esbarrões, machucados: no futebol, a proximidade com os outros jogadores é ininterrupta, e encontros um pouco mais "traumáticos" são comuns. Por isso, nem pensar em ter medo da bola ou do embate corpo a corpo. Também não é preciso perder a vaidade.

Você sabia?

:: Antigamente, havia a crença de que o futebol não seria um esporte benéfico para as mulheres, uma vez que poderia ser prejudicial a um organismo ainda não acostumado com grandes esforços. Como os exercícios são feitos com os membros inferiores, acreditava-se também que as mulheres que praticavam o esporte poderiam tornar-se desproporcionais.

:: As mulheres só puderam jogar bola em paz no fim da década de 1980. Durante a ditadura militar, uma resolução proibiu que as moças praticassem qualquer tipo de esporte considerado "inadequado", como lutas, futebol, polo aquático, polo, rugby e baseball.

:: Não se sabe ao certo quando se deu o começo do futebol feminino no Brasil. Em duas das muitas versões sobre o assunto, o esporte teria começado nas praias do Leblon, no Rio de Janeiro, em dezembro de 1975. Outra diz que a primeira partida de futebol disputada por mulheres ocorreu em jogos organizados por boates gays, no fim dos anos 1970.


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