Ciência moderna é capaz de criar superatletas




 
Zico, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Kaká fazem parte de uma extensa lista de jogadores talentosos transformados em superatletas pela ciência moderna. Neymar é o caso mais recente e levanta uma questão: qualquer atleta pode passar por esse processo de transformação? "O indivíduo pode ser treinado e virar um bom atleta. Se tiver a característica genética ideal, vira um superatleta", diz Bruno Mazziotti, fisioterapeuta do Corinthians que tem no currículo trabalhos reconhecidos com Ronaldo e Pato.

Nos anos 1970, a ciência adicionou força e resistência ao imenso talento de Zico

No futebol brasileiro, o primeiro modelo é Zico, ainda nos anos 1970. Ele chegou ao Flamengo com um enorme potencial, mas aos 15 anos tinha apenas 1,55m e pesava 37 quilos. A ciência surgiu para adicionar força e resistência ao talento do craque. "O desafio foi fazer a intervenção no momento correto, enquanto a natureza ainda permitia. E fizeram isso", analisa Turíbio Leite de Barros, médico fisiologista que criou o Reffis (Núcleo de Reabilitação Esportiva Fisioterápica e Fisiológica) do São Paulo.

Zico passou por correção postural e alongamento para reduzir a pressão dos músculos nos ossos e, com isso, ter o crescimento facilitado. Depois, passou por um ganho de peso controlado, para ficar forte sem perder as a habilidade. Aos 21 anos, o Galinho estava 17 centímetros maior e havia somado quase 30 quilos de massa muscular.

" O desafio foi fazer a intervenção no momento correto, enquanto a natureza ainda permitia"

No começo da carreira no São Paulo, Kaká também passou por uma transformação. Foram 10 quilos de massa muscular em mais em dois anos. "O jogo dele é baseado em arrancada em linha reta, por isso precisava muito do fortalecimento", lembra Turíbio, que acompanhou toda a mudança do meia. Mais forte, ele poderia ganhar potência e ainda se defender melhor e suportar os choques, sobretudo no mais físico futebol europeu.

Agora, neste Brasileirão, um dos jogadores que passa por um processo de transformação visível é Gabriel, do Flamengo. Com trabalho e alimentação, o meia já tem 11 quilos de massa muscular a mais em relação a 2013, quando chegou do Bahia.

O que também é fundamental para que a ciência transforme o craque em um supercraque é a idade. O trabalho deve ser feito, segundo especialistas, no momento da maturação, normalmente na transição da base para a categoria adulta, por volta de 18 anos, podendo durar até os 23 anos. Zico, Kaká, Ronaldo, Gabriel e companhia se encaixam nesse perfil. E esse fator pode dar a impressão de que os jogadores se desenvolvem mais na Europa do que no Brasil. Um erro.

"Os jogadores saem cedo do Brasil nessa fase de desenvolvimento e têm o ganho de massa quando atuam na Europa. Mas aqui acho que o trabalho é feito até com mais critério. Nós formamos os jogadores e os times da Europa vêm buscá-los aqui. Lá eles completam a formação", afirma Carlinhos Neves, preparador físico do Atlético-MG. "É importante desmistificar que só lá fora se desenvolve", completa.

No limite

Há um cuidado dos clubes para não passarem do ponto e deixarem os atletas fortes demais. De que ainda ganhar muita massa, ficar forte e se proteger dos choques, mas perder a habilidade? De acordo com os especialistas, é por isso que Neymar, aos 22 anos, está perto do limite para que o superatleta não vire um problema.
" O Neymar não pode ganhar 10 ou 12 quilos de massa"

"Os 4,5 kg de massa que ele ganhou foram para troncos e membros superiores. É um trabalho de fortalecimento para que ele tenha uma estrutura física com mais resistência", analisa Turíbio. "Mas ele é um jogador que depende demais de agilidade, e para ele não perder essa característica é importante ter um limite. Ele não pode ganhar 10 ou 12 quilos de massa", explica.

Respeitar o limite também ajuda a prevenir lesões, um risco quando há desequilíbrio no trabalho de força. "Se o trabalho se perde em alguma das diretrizes, seja no ganho de força, na fisioterapia ou na alimentação, pode ser que aconteça isso. Mas o ganho de massa e o ganho de força não estão ligados às lesões. Isso é totalmente um mito! Um trabalho bem feito afasta o risco de lesões", diz Mazzioti.


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